segunda-feira, 2 de março de 2015

O papel das mulheres no Século XVIII e a influência da Revolução Francesa


 
Marcha sobre Versalhes - Revolução de Saias - Marcha de Mulheres

  • A Marcha sobre Versalhes foi o movimento que uniu todas as classes sociais em busca de reformas políticas e sociais na monarquia francesa. A marcha teve início com um protesto de mulheres contra os altos preços e que logo se tornou uma manifestação de revolucionários em direção ao Palácio de Versalhes.
"A Liberdade Guiando o povo"
  •  Pintura de  Eugène Delacroix chamada de A liberdade guiando o povo”: Uma mulher, representando a liberdade, guia o povo e leva consigo a bandeira da Revolução Francesa
Olympe Gouges (1748 - 1793)

  • Olympe Gouges foi uma escritora feminista francesa que escreveu durante a Revolução em 1971 a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã” que discutia a igualdade entre homens e mulheres e a liberdade feminina. Segundo Gouges, as mulheres tem direito a liberdade, à propriedade, segurança e o direito de resistir a opressão. Além do mais, como iguais aos homens, às mulheres também devem ser concedidas responsabilidades para a vida pública e nas decisões sobre a lei e tributação.

O século XVIII, marcado por  um período de mudanças políticas, sociais e econômicas  na Europa, também é palco de mudanças na maneira de se pensar o homem e a mulher. Neste período, o Iluminismo e a Revolução Francesa  proporcionaram discussões acerca da concepção do homem moderno e suas ações na sociedade. É no bojo dessas discussões que nasceram as noções de igualdade, liberdade e  autonomia, ideais que conduziram a Revolução Francesa em 1879.  Estes ideais deram uma possibilidade de mudança na história do emponderamento feminino,  pois muitas mulheres “foram às ruas e se movimentaram no cenário da Revolução, ocuparam novos espaços e estiveram na linha de frente de inúmeras manifestações públicas do final do século XVIII” (COSTA, 2007, p. 36), como aconteceu na Marcha sobre Versalhes, também conhecida como Marcha de Mulheres em Versalhes.
Além do mais, uma das principais consequências da Revolução Francesa foi a definição e diferenciação dos papéis sexuais, passando a valorizar a família, com ênfase no papel da mulher doméstica, cuja característica central era a afetividade, em contraposição à racionalidade e eficiência masculina no âmbito político. Neste sentido, a mulher como mãe ocupa um lugar primordial neste novo perfil de espaço familiar, fundamentado em particularidades ditas femininas, como fragilidade e dependência e em sentimentos de carinho e amor que eram direcionados ao marido e aos filhos. Tal função levou a "mulher a renunciar a qualquer necessidade e ambição pessoal, restringindo-se  apenas à esfera doméstica e se distanciando cada vez mais do âmbito público" (COSTA, 2007, p.39). Rousseau (1762) citado por Costa (2007) afirma que a mulher deveria abdicar de qualquer aspiração e desejo pessoal que não estivesse relacionado à sua função na esfera privada. A sua finalidade então era se dedicar à casa, ao marido e aos filhos ao passo que ao homem, caberia reinar na esfera pública. (COSTA, 2007).
Em contrapartida a estas concepções e impulsionados pela expansão do pensamento liberal e na ideia de inclusão social da mulher, outros discursos salientavam a autonomia e a liberdade de todo sujeito moderno. Nesse sentido, configurava-se assim, um cenário de deslocamento “entre as esferas pública e privada, por onde algumas mulheres romperam o espaço privado e saíram às ruas em busca do reconhecimento de seus direitos como cidadãs”, em oposição “à vida submissa ao casamento e à prisão na maternidade, cultivando o intelecto e a participação social”. (COSTA, 2007, p.45). É nesse contexto que a feminista Olympe Gouges escreve a “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”.
Durante a Revolução, as mulheres “disfarçadas de homens, (...) iam aos campos de batalha lutar junto de seus maridos, pais ou irmãos; uma ousadia que contestava a ideologia iluminista de fragilidade física e intelectual feminina.” (MONTEIRO; ALBUQUERQUE, p.2). Embora as reivindicações fossem constantes, as modificações dos direitos femininos nesta época foram muito restritas. O estatuto civil da mulher ainda era inferior ao dos homens, elas não possuíam direito ao voto e nem poderiam mais se reunir em clubes, para discutir questões de inclusão política e social, o que demonstra uma forte desconsideração da opinião feminina nestes temas. A Revolução Francesa, contudo, foi o primeiro passo para colocar em pauta o papel da mulher, que ganharia maior ênfase no século seguinte. (MONTEIRO; ALBUQUERQUE).

Bibliografia:
COSTA, Patricia Ávila. Janela das Andorinhas: A experiência da feminilidade em uma comunidade rural. 2007. 103f. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Disponível em: <Bibliografia1> Acesso em: 02 de Março de 2015
MONTEIRO, Camila Moraes; ALBUQUERQUE, Mariana Imbelloni Braga. Da revolução ao lar, do lar a revolução. Núcleo de Estudos Contemporâneo. Disponível em:<Bibliografia2> Acesso em: 02 de Março de 2015


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