segunda-feira, 6 de abril de 2015

Feminismo no Brasil: O Movimento da Mulher Trabalhadora Rural

O Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR)  iniciou em 1989 no sertão brasileiro a partir do ativismo de trabalhadoras agrícolas que recebiam metade da remuneração masculina.  O movimento cresceu a partir do ativismo dessas mulheres em  organizações e sindicatos com o objetivo de serem incluídas em programas de combate à seca. Elas conseguiram levantar os fundos para participar da Conferência das mulheres das Nações Unidas em Pequim, em 1995. (WALTERS, 2015; STEPHEN, 1998)
Em 1992, no Rio Grande do Sul, o movimento tinha mais de trinta mil membros e estava funcionando em mais de 110 municípios do Estado. Com lideranças ativas e locais, o MMTR e é  hoje um dos movimentos regionais  de mulheres mais fortes no Brasil e em circulação nas Américas. A agenda do movimento passou de aquisição de melhores condições de trabalho e benefícios para as mulheres rurais até melhores direitos de saúde reprodutiva, violência doméstica, a representação das mulheres no sistema político e direitos das mulheres em geral.. (STEPHEN, 1998)

As mulheres da América Latina dos finais do século XX se depararam com profundas desigualdades tanto étnicas quanto desigualdades de classes e tiveram que lutar com o patriarcado da Igreja Católica Romana e das atitudes sexistas do sexo masculino denominado de "machismo". (WALTERS, 2005). Nessa mesma época um grupo de mulheres brasileiras se uniu em busca de rever seus direitos na sociedade.  O MMTR desafiou a Igreja Católica, a hierarquia de gênero e permitiu que questões como aborto e sexualidade das mulheres se tornassem questões a serem discutidas no país na década de 80 e 90. (STEPHEN, 1998). Através de programas e projetos e de uma perspectiva feminista o movimento conseguiu aumentar a autonomia das mulheres, combatendo  a discriminação, a submissão e o preconceito.

(...) a educação utilizada pelo MMTR-NE valoriza o saber das mulheres rurais, seu modo de ser, suas crenças e seus valores e, ainda, seu conhecimento político. É uma educação que produz conhecimento da realidade e possibilita uma intervenção para transformação da sociedade. (MMTR-NE.ORG, 2015)

Segundo Vanderléia Daron, feminista e Coordenadora de ensino no Centro de Educação Tecnológica e Pesquisa em Saúde do Grupo Hospitalar Conceição no Rio Grande do Sul, uma das maiores conquistas de políticas públicas das mulheres do MMTR e que se transformou em política pública foi o reconhecimento  da profissão de agricultora ou de trabalhadora rural do sexo feminino. As mulheres trabalhadoras foram reconhecidas profissionalmente na Constituição Brasileira de 1988 e passaram a ter direitos como a aposentadoria em conjuto com  outros trabalhadores rurais do século masculino. Antes dessa mudança as mulheres brasileiras só se aposentavam depois da morte do marido. (MAGALHÃES, 2012)
As mulheres do MMTR representam o feminismo brasileiro, a união dessas mulheres na década de 80 promoveram mudanças na realidade brasileira através do reconhecimento de suas profissões e da promoção de política públicas no país.

Bibliografia:


WALTERS, Margaret. Feminism. A very short Introduction. New York: Oxford, 2005
Movimento da Mulher Trabalhadora Rural - NE. Disponível em: Bibliografia I. Acesso em: 5 Abr. 2015
STEPHEN, Lynn. Woman Power Brazzil. Disponível em:<Bibliografia II> Acesso em 5 Abr. 2015
MAGALHÃES, Tamiris. O Reconhecimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais. Revista do Instituto Humanitas Unisinos. n 387, ano XII, 2012. Disponível em:<Bibliografia III> Acesso em 5 Abr. 2015

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